quinta-feira, 2 de maio de 2013

Pedro foi viajar sozinho

Você está em Anápolis, viajou hoje cedo com seus avós. Só escrevo para dizer que esta sem casa sem você é um grande tédio. Sua risada, seus passinhos, seu suco, seus brinquedos e toda a sua energia preenchem os espaços e só quando você não está é que vejo como você é cheio de vida, a ponto de movimentar a casa toda ao mesmo tempo. Pedro, amado filho, você tem quatro anos já e é o menino mais doce, mais amoroso e mais sensato que eu já conheci. É um grande irmão, cuida da Joana, está sempre preocupado com ela: o que pode comer, o que vai colocar na boca, se chora, se quer algo, como se sente. Nunca imaginei que fosse contar tanto com você. É você quem muitas vezes me avisa que ela está de cocô ou que quer mamar. É você que consegue fazer ela rir com uma facilidade que nenhum de nós, adultos, jamais conseguiu. Nossas macaquices a divertem, é verdade, mas a sua simples aparição faz Joana gargalhar! Ela é completamente louca por você. Também, pudera, você a beija, abraça, conversa, acompanha e zela por ela, sempre. É um menino querido por todos os amigos da escola e pelos professores também. Fala de Deus, da força do coração, da luz que temos dentro de nós e outros temas dos profundos mistérios da vida com a maior naturalidade. Fala de amor e de fé e se declara o tempo todo.
Atualmente a brincadeira que você mais gosta é de star wars. Você levou consigo a pequena nave jedai e o guerreiro Luke. Apesar de já estar virando um menino grande, ainda adora as histórias "da imaginação" como diz, que conto na hora de dormir, e para mim, contar observando seus grandes olhos se iluminarem e seu rosto se encher de magia a cada palavra que digo é simplesmente maravilhoso.Você continua fã do leão, diz que há um morando dentro de você. Às vezes você até conversa com ele. O que mais gosta de fazer, eu acho, é nadar. Descobriu o prazer de se jogar sozinho na piscina e no mar e com suas bóias amarelas, sente-se o mais corajoso de todos. Ficou destemido e ainda mais divertido. Corremos ontem para comprar um par extra de bóias que pudesse viajar contigo, pois sabemos o quanto se sente mais seguro com elas. Vive pedindo para ir ao parque aquático e tenta me convencer me mostrando como está calor lá fora.
Tem sido muito fácil colocá-lo para dormir. Você é bastante regrado, gosta de manter a rotina de jantar, banho e cama. Fazemos tudo juntos, conversando e brincando, e apesar de por vezes cansativo, é nesta função noturna com você, da hora que chegamos da escola à hora em que vamos para a cama, que tenho o privilégio de ver você crescendo. E por isso que agora sinto sua falta. Hoje não te busquei na escola e não preciso fazer nossa pipoca, colocar nosso filme ou montar algo para brincarmos até a hora do jantar. Você vai jantar com seus primos e avós. Não preciso deitar com você e fazer carinho na perninha, depois ouvir sua doce voz fazendo a prece, para depois dizer, já completamente sonolento "mamae, agora vou descansar de olhos abertos". É neste momento que você se entrega e dorme, normalmente por doze horas, até acordar todo feliz e muito bem humorado por volta das 8, colocando o calçado e pronto para o café da manhã. Hoje não estamos juntos e meu coração se aperta de saudades, mas em poucos dias você volta, ainda mais crescido, mais lindo, mais forte e mais amado - sim,  Pedro, é fato, você consegue nos encantar mais a cada minuto. Até breve, meu amor.

domingo, 7 de outubro de 2012

Quatro anos: o dia em que a escola veio em casa

A Casa e Escola? Onde começa uma e termina a outra? Somos muito privilegiados porque, na Arte de Ser, a casa e a escola são como dois braços acolhendo a criança. Juntos, com muito amor, no mesmo ritmo. O aniversário do Pedro de 4 anos foi um dia em que, ao invés de ser celebrado na escola com os amiguinhos, escola - e amiguinhos - vieram à sua casa. Professora Lorenza contou a historia, a emocionante historia sobre como Pedro era uma estrela lá em outro planeta, no castelo de cristal, e decidiu vir para a nossa família. Chorei sentada no chão da sala da minha sala, observando Pedro abraçado com os amiguinhos, foi uma delicia. Me senti, como a formiguinha dentro da sala de aula, afinal, o que eu sempre quis ser!

 




Depois da história e de receber delicados presentinhos e lindos desenhos que ganhou de aniversário, veio o lanche, bolo e parabéns, a melhor parte da festa! Brincaram muito. Nossa casa assumiu as vezes de pátio da escola no final de tarde da sexta-feira. Em pouco tempo, meu quintal ficou forrado de brinquedos e de alegria e a bagunça foi tanta que talvez nunca mais encontremos alguns objetos perdidos! Brincaramcom harmonia e leveza. No horário da saída, aos poucos foram chegando os pais para buscar seus filhos e assim também, nós adultos confraternizamos: um suco, um bolo, um bate-papo, sem tanta pressa para sair. Famílias que vão ficando amigas, escola amiga da família, família que ajuda a escola, somos um ciclo de apoio. Escola, família, casa. Assim está girando a roda da infância. Definitivamente,  adoro ser parte dos Pais da Arte de Ser, é uma turma porreta.

 

Se eu fosse criança e estivesse fazendo quatro anos, acho que amaria ver todo mundo em minha casa, apresentar cada brinquedo, cada cantinho e cada pedra do caminho, aliás, o caminho, um capítulo à parte. Moramos há sete minutos de caminhada da escola e, além de autorizarem a saída de seus filhos para fazermos a festa deste jeito, os pais também deixaram as crianças virem andando sob a responsabilidade das educadoras e minha. Para os pequenininhos cinco quadras em São Paulo, com calçadas esburacadas e uma grande escadaria foi uma verdadeira trilha.  Vim com o grupo dos meninos. Pedro liderando, ensinando aos amiguinhos o caminho que percorre todos os dias, alertando para os “perigos” do trajeto. Vieram andando, concentrados, de chapeuzinho, segurando numa corda. O Pedro simplesmente ama quando sai com os amigos da escola “na cordinha” – como eles dizem, porque vão todos, disciplinadamente, andando e segurando na cordinha. Eu não sei que mágica as professoras na Arte de Ser fazem, mas o fato é que eles ficam todos muito colaborativos e tranquilos com elas. Vão fazendo as coisas sem estresse, todo mundo participando. Tranquilamente, elas conduzem 15 crianças ao mesmo tempo, enquanto eu suo para conseguir tirar um filho do banho sem choro ou reclamação.
 


Foi uma tarde especial que deixou para sempre doces lembranças em nossas memórias e nossos corações! Obrigada às educadoras, em especial Leia, Lorenza e Nilmara por toda a amorosidade com que orquestram a escola e obrigada aos pais por toparem tudo com tanto entusiasmo e união!








terça-feira, 30 de agosto de 2011

Tudo bem, eu sou cliança

Estou descobrindo os desafios de trabalhar em casa (as vantagens eu conheci rapidinho: não enfrentar trânsito, não perder tempo no vai e vem, sem estresse, sem adrenalina para voltar a tempo de pegar na escola, sem roupa formal ou sapato desconfortável, almoço saudável, etc). Uma delas é a falta de limites entre o espaço do trabalho e do brincar. Pedro Luis acha que o escritório da mamãe tem um monte de "brinquedinhos" em cima da mesa, que estão só esperando para serem descobertos.
Estes dias, enquanto eu fui ao banheiro, ele subiu na minha cadeira e pegou um pequeno pote de cerâmica. Caiu. Quebrou a ponta. Ele colocou no lugar bem quieto e saiu de fininho. Quando vi, perguntei: Pedro, foi você que quebrou a tampa deste potinho? e ele me diz: - Sim, mamãe, fui eu. mas tudo bem, né, porque eu sou cliança!
Difícil manter a seriedade nestas horas. O riso torna-se irresistível, cedo à doçura e, quando possível, paro tudo para brincar um pouco com ele.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Choco, uma homenagem

A primeira grande amiga da vida do meu filho foi a Choco. Desde que ele chegou da maternidade e ela cheirou seus pezinhos. Ali começou uma devoção da Choco com ele e um carinho tão lindo e tão inocente dele com ela, que não dá para contar em palavras. Quem já viu alguma cena dos dois sabe do que estou falando.

A Choco, com suas enormes pernas (a gente dizia que ela era a Anna Hickmann dos cachorros) ficava abaixandinha, engatinhando em quatro patas, quando Pedro era engatinhante, para ficar da altura dele. Ele, por sua vez, dava remédio, água e comida na boca dela nestes últimos dias, e já deu muitas bananas, biscoitos e até leves pancadas com seu martelo de plástico, que ela adorava. Cuidaram um do outro durante todo o tempo em que estiveram juntos aqui nesta vida. Brincaram muito, aqui no nosso quintal e lá na primeira casa.

Na vila em que morávamos, eu e Pedro saíamos duas vezes por dia para passear com a Choco. Eu prendia a guia no carrinho de bebê e lá íamos os três. Choco, muito boazinha, ia cuidando dele, sempre muito calma, mas não gostava que viessem passar a mão no bebê, sentava embaixo do carrinho enquanto eu batia papo com minha vizinha, e ficava apenas olhando. Sempre. Com aquela cara de Choco, semi dormindo, semi acordada, vigiando ele. Eram cumplices do cadeirão, ele discretamente jogava no chão o que não queria, ela vinha sutil (o tanto quanto é possível ser sutil para um cachorro de mais de trinta quilos) e rapidinho dava no pé, eles achavam que eu não notava. Eu morria de rir. Um dia eu perguntei para o Pedro o que a gente ia fazer hoje, achando que ele ia dizer “passear” ou algo assim, e ele disse: dar banho na Choco! Simplesmente assim, todo apaixonado, amava dar banho com Lufe na pobre (a Choco detestava água, mas aceitava o banho como uma pena que tem que ser cumprida para morar aqui com a gente.

Mas não pense que a Choco era só boazinha, ela não gostava de receber ordens, na aula de adestramento ficava bufando, fora que quebrou alguns lindos vasos de planta, puxou roupas do varal, e cavucava terra e tudo mais que encontrasse pela frente. Até um buraco no muro de tijolos a Choco cavou, com toda a energia de um filhote. Era obcecada por papelão, comia todos sempre que tinha oportunidade. Talvez porque durante seus primeiros meses, morou em uma caixa de papelão. E também amava pinhas, no sitio, se acabava em seu reino das pinhas. Tenho fotos. Lindas. Além de tudo, a Choco era linda, e este era apenas o começo de toda a sua lista de qualidades. Vai nos fazer muita falta, nossa querida amiga.

Este é o último vídeo que fiz dos dois juntos, no inicio de fevereiro. É uma delicia ter estes arquivos e poder assistir, rir e guardar tantas boas memórias destes quase cinco anos em que vivemos com a Choco e dos quase três em que vimos Pedro, o bebezinho, crescendo com o cachorrão. Ela se derretia por ele, e a gente por ela. Vamos encarar, vamos tentar, pelo menos, fazer como o Pedro. Ele continua feliz, brincando, rindo, totalmente vivendo o presente. Não está pensando no passado e nem lamentando nada, está apenas aceitando que a Choco foi, e tudo bem, amamos muito ela, agora vamos brincar. Momento presente. Aqui, agora. É isso que eu quero aprender. É difícil, mas não é impossível, não é mesmo?

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011


A chegada do irmãozinho

Estamos chegando no final da gravidez e em plena reforma dos banheiros da casa. A obra está super atrasada, vários imprevistos, stress e tudo aquilo que faz a pessoa se arrepender e prometer não passar por isso nunca mais. Então, por nossa conta, contratamos um ajudante de pedreiro para agilizar o processo aqui. Eis que no sábado o cara chega pela primeira vez. Estávamos eu e Pedro na cozinha, quando toca a campainha. Como sempre, Pedro pergunta:
- Quem cêgo mamãe?
- O José Nildo, filho.
- O zuzé? (José) O Zuzé chegou? (pulos e gritos). AHHH, o Zuzé chegou (sai correndo em direção a porta). O Zuzé da baiiga da mamãe cêgo!!! Vamo lá, vamo lá!
Foi aí que eu percebi que ele estava entendendo que era o nosso José, o irmãozinho, que havia chegado. Aquele que todos falam que "está chegando" que "vai chegar logo" , tocou a campainha e foi chegando. Tive que decepcioná-lo:
- Não, Pedro, nao é o nosso José. É outro José, o José Nildo, que vem trabalhar aqui em casa. O nome dele é Zenildo.
- Oto Zuzé?
- Isso, outro José.
Expliquei e ele compreendeu mais facilmente quando viu o ajudante de pedreiro entrando pelo portão, que provavelmente em nada se parecia com o nenê da barriga que ele imaginou ou pelo menos com o que nós descrevemos que será (pequenininho, um bebê que mama e dorme, etc).
Fiquei rindo sozinha, emocionada, por perceber que na visão do Pedro a chegada do irmão poderia ser simples assim.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Quase dois anos


Já estamos perto do segundo aniversário! como passou rápido! Pedro está aprendendo tudo tão rapidamente que me impressiona. A cada dia são novas palavras que escuto saindo da sua boquinha. É tão rápido o aprendizado, que chego a sentir saudades das palavras que ele dizia errado, quando passa a dizer corretamente. Até ontem ele chamava a colher de panela. Hoje, subitamente, chamou de colher. Sempre chamou a choco de au-au, agora chama de côco ou coquinho. De repente sabe cantar parabéns a você, falando direitinho "felicidades", quando tenho certeza que ele está apenas repetindo o som, não tem a menor ideia do que de fato é felicidade.

Para mim e para Lufe, felicidade é estar com ele, sempre. Ouvir sua voz tão doce, cantando "sem a tua" e o "pato pateta", suas músicas preferidas, mexer no seu cabelinho ou sentir seu carinho, isso é felicidade.

O que ele mais gosta atualmente é mais ou menos o que a vida tem de melhor: praia e campo. Adora o "titio" (sítio) do vovô e a páia. Toda vez que entra no carro, pensa que o levaremos a um destes lugares deliciosos. E sempre que podemos, levamos. Aqui mais uma imagem perfeita de um dia perfeito em um lugar perfeito, simplesmente por ele existir!